|
Vídeos
Médicos: Passando no Computador Mais PróximoRevista Check-Up 1 (8) (Abr 1999)
Veja também: Índice
de Artigos de Informática Médica de Renato M.E. Sabbatini
Os vídeocassetes
de aprendizado e atualização já fazem parte do cenário
da educação médica continuada há muitos anos.
Práticos e fáceis de utilizar, foram incorporados às
videotecas de centenas de associações médicas. Muitas
delas até se preocupam em fazer suas próprias produções,
enquanto muitas outras são o resultado de gravações
em aulas, congressos e canais de TV, feitas por empresas especializadas.
No entanto, as fitas de vídeo têm
um problema sério: seu custo de reprodução e distribuição
não é desprezível. Os médicos na maioria das
vezes não dispõe de recursos financeiros suficientes para
comprar tudo o que gostariam de ver, e as videotecas das associações
médicas têm um ou dois exemplares de cada fita. Assim, quando
um associado retira uma fita para ver em casa, os outros interessados têm
que esperar sua vez. Outro problema: as fitas desgastam-se com facilidade
e perdem qualidade com o tempo, tornam-se obsoletas, ou simplesmente se
estragam de forma irrecuperável.
Com
tantos problemas, não é de se estranhar que a era dos vídeos
digitais esteja sendo saudada com grande entusiasmo. Um vídeo digital
é uma cópia de uma vita de vídeo comum, convertida
para os "bits e bytes" da linguagem do computador. Desse modo, pode ser
armazenado em um disco magnético, CD-ROM ou para transmissão
pela Internet. Praticamente todos os problemas são resolvidos: não
se desgastam, por exemplo, e podem ser reproduzidos indefinidamente sem
perder a qualidade. Mas a disponibilização via Internet é
a que tem maior potencial revolucionário. Uma "cópia" colocada
em um computador servidor ligado permanentemente à Internet, pode
ser "retirada" simultaneamente por milhares de usuários ao mesmo
tempo, não tem nenhum custo de copiagem, meio ou distribuição,
e pode ser atualizada de forma praticamente instantânea. Mais: em
vez de pagar por uma cópia física, que se tem em casa (e
depois nunca mais se assiste), o usuário pode pagar um simples aluguel.
Mas o que é necessário para colocar um vídeo na Internet? Afinal, a grande rede tem uma velocidade de acesso notoriamente baixa (pelo menos no Brasil…). Os arquivos digitais de vídeo são imensos (tipicamente, 30 a 40 megabytes por minuto de vídeo). Se o usuário fosse esperar que todo o arquivo fosse descarregado em seu computador através da Internet, antes de poder assistí-lo, não existiria paciência capaz de resistir (sem falar no número de vezes que a ligação cairia, e no custo telefônico e de acesso envolvidos).
As videotecas digitais se tornaram viáveis
apenas muito recentemente, por meio de uma invenção genial:
as corentes de vídeo, ou vídeos de exibição
contínua (em inglês: streaming video). Eles funcionam de uma
forma muito simples: à medida em que são transmitidos pela
Internet para o seu computador, um software especial já vai visualizando-o
na tela. Afinal, essa é a maneira pela qual normalmente assistimos
a um filme, não é? Do começo ao fim. Então,
porque esperar que o arquivo inteiro chegue pela Internet antes de poder
visualizá-lo?
O truque do streaming video é conseguir
uma velocidade de transmissão pela Internet tão rápida,
que permita ao usuário assistir ao vídeo à velocidade
normal de 30 quadros por segundo, sem interrupções ou falhas;
mesmo se você tiver uma conexão via modem de 28 kbps apenas.
Usando alguns truques de sincronização, compactação
e descompactação do áudio digital, programas como
o RealVideo permite essa façanha. A compactação permite
reduzir um vídeo de 50 megabytes para 2 ou 3 megabytes apenas! Parece
milagre, mas funciona.
Existem
atualmente milhares de sites na Internet que contém correntes de
vídeo disponíveis utilizando a tecnologia do RealVideo. Para
poder assistí-los, a primeira coisa que você precisa fazer
é colocar em seu computador um software denominado "plug-in", que
permite que seu programa de navegação na Internet (Netscape
ou Internet Explorer) possam reconhecer um arquivo desse tipo (ele tem
as extensões .RM ou .RA) e "tocar" o filminho de vídeo. Também
funciona com transmissões em tempo real (um congresso, por exemplo).
Quando o vídeo digital já foi gravado e está disponível
em uma videoteca digital na Internet, esta tecnologia se denomina vídeo
sob demanda.
O plug-in mais recente da RealVideo se
chama G2, e serve tanto para áudio puro quanto para vídeo
puro ou vídeo combinado com áudio. Você pode pegá-lo
na Internet mesmo, de graça, através do site http://www.real.com.
Vale a pena visitar este site, porque ele tem muitas demonstrações,
que você pode usar para testar a instalação do seu
plug-in, e catálogos, que permitem localizar rapidamente qualquer
"estação de transmissão" existente na Internet, categorizada
por assuntos. A instalação do "plug-in" é bastante
fácil.
Bem, além disso, é óbvio,
seu computador precisa ter capacidade multimídia, principalmente
uma placa de som estéreo e alto-falantes, para que você possa
ouvir a trilha sonora do vídeo.
Apesar dos impecilhos, muitos centros pioneiros estão investindo nessa tecnologia, mesmo sem retorno, e disponibilizando gratuitamente videotecas médicas (veja o box ao final do artigo com algumas sugestões). As faculdades de medicina e hospitais-escola serão os grandes fornecedores de informação desse tipo, beneficiando a todos.
Endereços na InternetReal Media:http://www.real.com |
Renato
M.E. Sabbatini é doutor em ciências pela Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto da USP, e diretor do Núcleo
de Informática Biomédica da UNICAMP, em Campinas, SP.
É também diretor de informática médica da AMB,
e editor científico das revistas Informática
Médica e Intermedic.
Email: renato@sabbatini.com
Copyright 1999 Renato M.E. Sabbatini
Todos os direitos reservados. Proibida a cópia
para fins comerciais.
Publicação na Web: 19/5/1999.