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Spam wars

Renato Sabbatini

"Spam", em inglês, significa enviar propaganda por correio eletrônico, para grandes listas de email. Corresponde ao "junk mail" (lixo), enviado para a caixa postal das pessoas através do correio normal (catálogos, folhetos de propaganda, etc.), que não foram solicitados pelos destinatários. O "junk mail" já é aceito estóicamente como "coisas da vida", pela maioria das pessoas, que simplesmente jogam no lixo sem abrir e não se preocupam mais com isso. O alto custo de imprimir e distribuir pelo correio esses folhetos é um fator auto-limitante considerável, de modo que o problema não chega a ser sério ou perturbador.

Mas isso não é verdade com o "spamming " por correio eletrônico. O custo baixissimo de distribuição (para não falar nulo...) agregado à existência de bases de dados gigantescas com endereços de email em todo o mundo, disponíveis gratuitamente, ou quase, através da própria Internet, está levando a um aumento gravissimo do tráfego de "junk mail" nas redes globais de computadores. Eu, por exemplo, recebo entre 10 a 15 emails desse tipo por dia, o que consome já um tempo nada trivial para me livrar das peças indesejadas. Tenho notado, realmente, que está aumentando muito rapidamente esse tipo de envio eletrônico, e se eu ficar, digamos, uns 10 dias sem abrir meu email, seguramente minha caixa postal vai se encher deles. Para quem paga por espaço ocupado em disco o spamming é particularmente irritante. Para quem usa leitores de email do tipo Eudora ou Pegasus, que primeiro precisa descarregar todos os emails chegados, para depois poder apagar, existe ainda a irritação dos longos tempos de descarregamento e o tempo de acesso pago ao provedor. Em outras palavras, ao contrário do "junk mail" normal, estamos pagando para receber o seu correspondente eletrônico, sem muita escapatória.

Uma das barreiras de defesa contra "spamming" está no provedor de acesso à Internet ao qual você está conectado. Muitos provedores estão instalando "filtros" contra malas diretas, que são uma espécie de bloqueio à entrada de mensagens eletrônicas que provenham de endereços conhecidos de "spamming". Explico: normalmente, se uma empresa quiser fazer uma campanha massiva de "spamming", ela contrata os serviços de uma companhia especializada on-line, que vende o uso da mala direta, ou seja envia a mensagem especificada pelo cliente para a sua coleção de endereços. O pagamento normalmente é feito por mensagem enviada. Existem já centenas de empresas de "spamming" desse tipo, e seus endereços de envio são bem conhecidos. São eles que são colocados no filtro.

A America On Line, o maior provedor privado de acesso a Internet do mundo (mais de 10 milhões de usuários) tem travado uma guerra inglória contra os "spammers". Essa iniciativa da AOL é vital para seus interesses, primeiro para tentar diminuir o tráfego inútil e indesejado dos spams; segundo para tornar seu serviço mais atrativo aos usuários, ao oferecer o tal filtro. Além deles, a AOL foi pioneira em termos de iniciar processos jurídicos contra as empresas '"spammers" mais conhecidas. Até agora não tem obtido sucesso, mesmo porque a atividade não é proibida por lei (a não ser que configure "fraude postal", ou seja, o uso do correio para efetuar algum tipo de esquema fraudulento. Nesse caso, o FBI entra na investigação e apreende tudo).

Outro problema é que os filtros contra "spamming" têm muitos furos. Por exemplo, o spammer pode usar um endereço intermediário que não está registrado pelo software de bloqueio. Tendo em vista que o custo para ter um novo site é ridiculamente baixo, hoje em dia, isso é muito fácil de fazer. Assim que esse endereço for bloqueado, ele arruma outro rapidinho e assim por diante.

Outro problema é que as listas de endereços de spammers pode ter falhar. Recentemente a empresa que fabrica o conhecidissimo programa de correio eletrônico chamado Pegasus, foi colocada inadvertidamente na base de endereços que devem ser filtrados. O que aconteceu é ainda mais injusto se soubermos que a Pegasus é a única que se preocupa em não ser usada para spammers, e tem várias formas de bloqueio contra essa atividade. O seu diretor-presidente ficou muito bravo com o Computer Incident Advisory Capability (CIAC), um grupo da Internet que divulga em seu boletim dados e informações sobre crimes, abusos e quebras de segurança, tais como virus, hackers, spammers, etc.

Acho que também teremos que ser estóicos com essa nova onda. Se você tem o Pegasus ou o Eudora Pro, aprenda a barrar os spammings com os recursos de filtro que esses programas têm. A não ser que você goste de receber...


 

Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas,

Autor: Email: sabbatin@nib.unicamp.br
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