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Uma mapa do ciberespaço

 

Renato Sabbatini

 


A Internet cresce tão rapidamente que qualquer estatística torna-se obsoleta pouquissimo tempo depois de ser colhida e citada. Outro problema é que existem diversas estatísticas que sempre serão aproximadas, pois, devido à própria topologia aberta (arquitetura e funcionamento da rede), existem alguns fatos sobre a Internet que não podem ser conhecidos ou determinados com exatidão (o número total de usuários, por exemplo).

Uma boa coleção de links relativos à mapas do ciberespaço pode ser achado na seção correspondente do famoso índice Yahoo! (http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Internet/Maps/). Há também um índice de recursos sobre estatísticas e dados demográficos (http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Internet/Statistics_and_Demographics/). Um dos melhores sites listados é o internetstats.com (http://www.internetstats.com/), que tem estatísticas e relatórios praticamente sobre tudo o que pode ser medido na Internet. Este site tem muitos dados difíceis de serem obtidos diretamente, tais como: há quanto tempo, em média, os usuários entraram na Internet, qual o local principal de acesso à Internet, quantas pessoas realizam compras on-line e que método de pagamento preferem mais, quantas pessoas recebem mais de 20 emails por dia (resposta: 34 %), quantos emails de propaganda não solicitada, o chamado "junk mail" (resposta: 31 % recebem mais de 10 por semana). Esses dados são levantados com o auxílio de pesquisas on-line, que o usuário pode responder, e que são atualizadas instantaneamente, numa espécie de amostragem.

 Um site interessante é o "The Geography of Cyberspace" (http://www.geog.ucl.ac.uk/casa/martin/geography_of_cyberspace.html ). Particularmente fascinante, neste site, é uma coleção de mapas geográficos que permitem visualizar, por exemplo, em tempo real, a densidade de tráfego na World Wide Web (WWW), a arquitetura das redes Internet nos EUA, um mapa de todos os países mostrando que tipo de conectividade eles têm à Internet (só correio eletrônico, acesso completo, etc.), bem como uma série de "panoramas" sobre os conceitos de estruturação da Internet, os dados disponíveis, mapas com as taxas de crescimento da Internet nos vários continentes, etc.

 Outro site bastante útil para quem quer montar seus próprios mapas é o, que permite fazer uma conversão do número IP (Internet Protocol), ou seja, o endereço numérico de 12 dígitos atribuído a cada servidor conectado à Internet, para uma medida de latitude e longitude geográficas. O único problema é que não parece funcionar para o Brasil !

 E quanto ao Brasil ? Como em quase todas as áreas, nossas estatísticas e mapas são bastante inferiores em riqueza às que podem ser pesquisadas internacionalmente. O melhor site é o do Comitê Gestor da Internet (http://www.cg.gov.br), que tem links para a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) e Embratel, que são os principais operadores de "backbones" (espinhas dorsais de links de intercomunicação da rede) no Brasil. O mapa da RNP é bem legal, muito detalhado e atualizado, mas o da Embratel é meio confuso.

 Esses mapas e estatísticas não são uma curiosidade para diletantes. Elas são cada vez mais importantes para o marketing de produtos e serviços através da Internet, bem como para o planejamento de sua expansão pelas autoridades e empresas que têm a responsabilidade final. Estudos sociológicos e científicos também se baseiam muito em dados como esses. A característica ímpar da Internet, de ser uma estrutura gigantesca, abrangente, tentacular, de constante crescimento e modificação, etc. colocam problemas extremamente interessantes para a obtenção de dados sobre seu funcionamento.

 


 

Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 19/8/97.

Autor: Email: sabbatin@nib.unicamp.br
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