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O futuro do CD-ROM

Renato M.E. Sabbatini

O CD-ROM já é um sucesso inegável. O número e variedade de títulos disponíveis cresce a cada dia, e é cada vez maior o número de microcomputadores que já saem de fábrica equipados com recursos de multimídia. Prevê-se que, em um a dois anos, eles serão equipamento padrão de todos os microcomputadores vendidos. Somente no Brasil (um país relativamente atrasado em relação às tendências mundiais de crescimento do CD-ROM), estima-se que serão vendidos mais de 400 mil microcomputadores equipados com multimídia em 1995. O número de titulos nacionais também aumentou muito em 1994. Foram lançados, com grande sucesso, o Almanaque Abril em CD-ROM (mais de 15 mil cópias vendidas), CD-ROMs do Ano dos jornais "O Estado de São Paulo", "Folha de São Paulo" e "Gazeta Mercantil", a revista em CD-ROM, Neo Interativa, já indo para seu quarto número este ano (quase 20 mil cópias vendidas), e a revista Neo Kids, para crianças; além de vários outros títulos nas áreas de entretenimento, cultura e educação.

Uma coisa que facilitou muito a produção dos CD-ROMs nacionais foi a capacidade de prensagem no Brasil. O CD-ROM normalmente é produzido assim: depois de montar toda a estrutura de apresentação do material, produzir os textos, gravar imagens, filmes e trilhas sonoras, etc., o produtor passa tudo para um CD-ROM gravável pelo próprio usuário, utilizando um equipamento especial, que se chama CDR (CD-ROM Recorder), disponível atualmente por 3 a 5 mil dólares, e que pode ser conectado a qualquer microcomputador. Este CD-ROM é levado até uma empresa especializada, como a Sony ou a MicroService, que o utilizam para produzir um disco-mestre especial, em metal, em um processo chamado masterização. A partir desse, são prensados os milhares de discos plásticos que constituem o produto a ser embalado e vendido ao usuário final. O custo de todo esse processo, bem como do produto final, baixou muito, também. No Brasil, em quantidades de 5 a 10 mil, o disquinho de CD-ROM mais embalagem (caixa, capa, etc.), está saindo por pouco menos de 10 dólares cada !

Qual é o futuro do CD-ROM ? Configurando um mercado mundial que já está se aproximando dos 5 bilhões de dólares anuais, os grandes fabricantes começam a se agitar. Quando o CD-ROM surgiu, pouca gente acreditou em seu potencial, apesar da enorme capacidade de armazenamento. As unidades de leitura eram muito caras e lentas, e não havia um padrão internacional. Mais uma vez, foi o genial Bill Gates, o fundador e presidente da Microsoft, a maior empresa produtora de software do mundo, que acreditou no CD-ROM e fez de tudo para promover sua adoção. Ele patrocinou a realização de vários seminários técnicos entre os cientistas e empresas, cujo resultado foi publicado em dois volumes intitulados "The New Papyrus" (O Novo Papiro -- pelo título, dado por Gates, já se vê como ele acreditava no CD-ROM como o mais revolucionário dos meios de publicação já inventados..). Como resultado dessas reuniões, saiu um padrão, denominado Sierra, que hoje é oficial.

A primeira tendência, evidentemente, é a que também ocorreu com os discos magnéticos: aumentos na velocidade de acesso, na capacidade de armazenamento e no tamanho do disco. Usando um laser com comprimento de onda mais curto (azul ou branco, ao invés de vermelho, como os CD's atuais, lasers esses desenvolvidos no Japão, e já disponíveis, mais ainda muito caros), é possível triplicar-se a capacidade de armazenamento, aumentando-a dos 660 megabytes atuais para quase dois gigabytes (dois bilhões de caracteres, equivalentes a 3 milhões de páginas de texto !). A capacidade atual dos CD-ROMs, então, já bastante grande, poderá ser preservada em minidiscos de 3 a 4 cm de diâmetro, que poderão ser utilizados em computadores portáteis. Quanto à velocidade, já existem unidades de leitura com velocidade quádrupla em relação ao padrão original, ou seja, capazes de transferir 600 mil bytes por segundo. Nos discos menores, poderá ser facilmente quadriplicada novamente. Discos de maior capacidade também estão sendo pesquisados. A IBM anunciou recentemente, o desenvolvimento de um CD-ROM com um sulco de múltiplas camadas, que permite decuplicar a capacidade de armazenamento, usando um laser azul.

O problema principal será o que fazer com os milhões de unidades de CD-ROM já vendidas. Com o lançamento de novos padrões elas ficarão obsoletas, e não será tão fácil fazer o que aconteceu na transição de tamanho dos disquetes, quando a maioria dos micros era vendida com unidades compatíveis com disquetes de 5 1/4" e 3,5"; devido ao maior custo das unidades de CD. Isso vai atrapalhar, por um tempo, ainda, o surgimento da nova geração de CD's. Mas ela virá, com certeza, em dois ou três anos, no máximo.


Publicado em: Jornal Correio Popular,Caderno de Informática, 7/3/95, Campinas
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