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Vídeo Internet

Renato Sabbatini

Quem já teve a oportunidade de assistir a um filme de vídeo utilizando a Internet 2 ficou ao mesmo tempo maravilhado e decepcionado. Na UNICAMP estamos com conexões de 155 megabits por segundo daqui até os Estados Unidos. Essa velocidade é simplesmente 3 mil vezes maior do que a de um modem comum. Fazendo um teste com uma aula disponível no site de saúde da Universidade Stanford (localizada perto de São Francisco, na Califórnia), pude assistir a um vídeo de meia hora de duração, em tela cheia, com 15 quadros por segundo e som monofônico, como se meu micro fosse uma tela de tevê. Maravilha?

Não: vi que existem dois problemas. O primeiro foi a velocidade de descarregamento do filme: "apenas" 300 kbits por segundo. Esperava bem mais, pois essa conexão até os EUA está sendo usada apenas em 5% de sua capacidade. O segundo foi a qualidade da imagem. Como o vídeo foi gravado para ser exibido a uma velocidade máxima de 100 kbits/seg, as cores não eram boas, nem a definição da imagem.  O site deveria ter dado a opção de gravações feitas em maior resolução e velocidade (isso em geral tem que ser decidido na hora de produzir o vídeo).

Fiquei intrigado com o problema da velocidade até ler uma notícia sobre um congresso chamado Digital Hollywood Broadband, específico sobre transmissão de vídeos por banda larga na Internet. A conclusão é que os estrangulamentos de velocidade não estão no servidor de imagens e nem no usuário como eu, que tem acesso à banda ultra-larga. Eles estão nos pontos de conexão de tráfego da imensa rede Internet, que só nos EUA são cerca de 7.000. Esses pontos ainda estão estruturados para banda estreita, e introduzem sérios retardos na transmissão, baixando violentamente a velocidade, como aconteceu no meu caso.

Qual é a solução? Enquanto a velocidade desses pontos não é incrementada, a solução é colocar "espelhos" do material de vídeo em alguns pontos estratégicos da rede. O "espelho" é um disco de alta capacidade, situado mais perto do usuário do que o servidor original de vídeo, e nele são feitas cópias do material, que então percorre menores distâncias e conexões menos engarrafadas até chegar ao usuário. Tecnicamente são chamados de "caches", e consistem de discos com capacidade gigantesca (5 a 10 terabytes, ou seja, trilhões de bytes) e uma velocidade cerca de 10 mil vezes maior do que o disco de um microcomputador comum. A Network Appliances é uma das empresas que fabrica e vende esses dispositivos: ela detém uma larga parte do mercado.
 



Renato M.E. Sabbatini é professor e diretor associado do Núcleo de Informática Biomédica da Universidade Estadual de Campinas, colunista de ciência do Correio Popular, e colunista de informática do Caderno Cosmo. Email: sabbatin@nib.unicamp.br

Veja também: Índice de todos os artigos anteriores de Informática do Dr. Sabbatini no Correio Popular.



Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 17/3/2001.
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