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Renato M.E. Sabbatini

O fenômeno mais revolucionário que ocorreu na Internet nos últimos anos é o aparecimento e o surgimento da WWW, ou World Wide Web (em português: rede de alcance mundial). A WWW é um conjunto de protocolos que permite a transmissão bidirecional e interativa de material audiovisual de alta qualidade, hipertextos e hipermídia, na Internet. O conceito da WWW e os primeiros programas servidores e visualizadores (chamados de “browsers”, como o NetScape e o Mosaic) foram desenvolvidos por Tim Berners-Lee, um pesquisador da área de informática do CERN, o Laboratório Europeu de Energia Nuclear, localizado em Genebra, Suiça. Além do aspecto da multimídia, o grande atrativo da Web, como é chamada, é a facilidade de “navegação”, ou seja, as páginas que aparecem em sua tela podem conter “vínculos” (links), que são ícones ou frases sublinhadas, que quando se clica o mouse sobre eles, remetem a documentos, imagens, etc. que podem estar em qualquer um das centenas de milhares de servidores WWW existentes em mais de 100 países. Navegar, então, consiste em “passear” por essa verdadeira teia de informações, em tempo real, em busca de algum item de interesse, ou simplesmente por curiosidade e exploração (o que é o mais gostoso de se fazer). Atualmente, a WWW é o serviço de maior crescimento e popularidade na Internet.

Um dos objetivos declarados de Berners-Lee era proporcionar um meio para “anunciar” na Internet a descrição e os dados referentes à instituições e pessoas na comunidade científica. É o conceito de “home page”. Outro objetivo era construir uma “biblioteca virtual”, ou seja, a interligação de milhões de páginas de texto, imagens, etc., distribuída por todo o mundo, e que pudessem ser acessadas por mecanismos fáceis e padronizados. Ambos conceitos “pegaram” de maneira muito além do que seus criadores imaginaram. Esta semana, segundo o índice Altavista, o mais poderoso da Web, existiam algo em torno de 10 milhões de páginas de informação acessíveis na WWW, com cerca de 10 bilhões de palavras. Isso equivale, só em termos de texto, a 2.500 coleções completas da Encyclopaedia Britannica, com seus 29 volumes.

É curioso, para quem explora a Web, descobrir como diferentes tipos de instituições e pessoas fazem uso dos dois recursos já citados. As grandes religiões organizadas, por exemplo, já descobriram a Internet, e estão colocando quantidades cada vez maiores de informação religiosa. Isso é uma tendência natural, pois as religiões organizadas sempre estiveram entre os maiores publicadores de informação em papel, em vídeo, rádio, etc. (basta nos lembrarmos que o primeiro livro impresso, e o livro mais vendido de todos os tempos, é a Bíblia !).

A mais recente adição à Web é o início do fabuloso acervo da Biblioteca do Vaticano. Existem ali tesouros da arte e da literatura mundial que não existem em nenhum lugar do mundo, graças a, digamos “atividade coletora” dos missionários católicos juntos a praticamente todas as culturas humanas. Com o auxílio da IBM, uma pequena parte desse acervo, tais como manuscritos da cultura maia, foram colocados na WWW. O objetivo é colocar uma boa parte dos documentos mais raros, que não podem nem devem ser consultados freqüentemente, pois correm o risco de serem afetados irreversivelmente pelo manuseio repetido e exposição. Assim, a “biblioteca de Deus” (daí a brincadeira do título deste artigo, que é um endereço na Internet, que evidentemente, não existe...) ficará disponível para o seu povo, gratuitamente. Não sei se o Papa já tem endereço de correio eletrônico, mas é uma questão de tempo que ele passe a ter (ou ele, ou o próximo), tal como o president@whitehouse.gov (existe de verdade !).


Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas,
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