Professor ressalta a valorização de profissionais antigos

 

Brasília, 25 (Agência Brasil - ABr) - Jornalista e tecnólogo, o professor Renato Sabbatini, do Núcleo de Informática Biomédica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), faz um prognóstico da valorização do profissional antigo do setor de informática com a aproximação do ano 2000. Sabbatini não esteve no seminário, mas fez uma análise da problemática bem próxima dos congressistas.

Muitos sistemas foram elaborados em linguagens antigas como Cobol e Assembler e somente seus programadores serão capazes de ler as informações contidas nas linhas de código que formam o sistema, a menos que isso esteja documentado. Ou seja, somente o autor do programa poderá identificar exatamente o lugar de fazer a conversão de duas para quatro colunas, na leitura dos dígitos referentes ao ano 2000.

Um consultor que trabalha com programas custa, hoje, só para se ter uma idéia, entre R$ 25 a R$ 50 por hora. Dados da Gartner Group dão conta de que esses programadores antigos, quase todos aposentados, vão ter salários mensais entre R$ 13 mil e R$ 20 mil no ano de 1999. "Esses profissionais vão voltar gloriosos ao mercado", observa. Pela própria evolução tecnológica dos sistemas de hardware e software com o passar dos anos, desde que o computador foi criado, os programadores especializados em linguagens como Cobol e Assembler eram até pouco tempo considerados "obsoletos".

É bem verdade que linguagens mais modernas como Pascal, Access e a nova D Basic já comportam os quatro dígitos e as empresas que utilizam sistemas rodando numa delas estão livres da necessidade de mudança. Mesmo assim, empresas que tem dados que extrapolam 34 meses de armazenamento a frente, precisam estar atentas. Talvez ainda assim, seja necessário fazer o teste que identifica se o sistema está preparado para rodar do dia 31 de dezembro de 1999 para 1' de janeiro de 2000.

Empresas de leasing, seguradoras, consórcio e administradoras de cartão de crédito são alguns exemplos de usuários que, desde já, enfrentam problemas de quebra em seu sistema. Algumas já começaram a converter seus sistemas e, paulatinamente, vão diminuindo o número de prestações que seus clientes devem pagar para não ultrapassar a data, enquanto a mudança vai sendo feita.

Renato Sabbatini explica, na prática, como o computador enxerga o ano 2000 e qual o tipo de leitura que faz ao ver os dois zeros. "Um velho de 104 anos de idade a serem completados no ano 2000, vai ser encaminhado para pediatria num hospital que considerar sua data de nascimento. Afinal, o computador vai fazer a conta dos zeros, que para ele são provenientes de 1900, em relação a 1896", exemplifica. Algumas comparações chegam ainda mais a buscar o exagero como forma de alertar empresas e governo a pensarem no problema do Millennium Bug. Ao fazer uma ligação telefônica na virada de 1999 para 2000, a companhia telefônica cobrará por 100 anos de impulso.

É obvio que situações assim não acontecerão na prática, mas isso somente se as empresas se prepararem antes da chegada no ano 2000. Isso porque mesmo sendo exagero pensar na cobrança de tanto tempo de conversa no telefone que, na verdade, nunca terá existido, é bem real a situação de um aparelho PABX que controla todas as ligações de um hotel, por exemplo. A partir do ano 2000, sem o referencial de data, ele simplesmente ficará descontrolado, sem a possibilidade de calcular se a ligação foi feita em horário em que a tarifa tem desconto, por exemplo. (Lana Cristina)

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