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Mitos e verdades sobre homeopatia

Nicole Ramalho




Desistência: 'Sou muito desorganizada e indisciplinada para tomar remédios homeopáticos'

O problema é que o tratamento homeopático é muito longo.
Depende O fato é que a duração varia. 'Vai durar mais ou menos tempo de acordo com uma série de fatores, como o estado clínico do paciente e há quanto tempo ele apresenta a enfermidade. O tratamento de doenças crônicas pode levar até dois anos', explica o homeopata Paulo Rosenbaum. Mas uma gripe (ou amigdalite) pode ser debelada em até uma semana, diz Flávio Dantas.

Não é fácil se tratar com a homeopatia porque é preciso tomar as bolinhas de hora em hora. Depende Em doenças agudas (como uma amigdalite) ou mesmo no auge da crise de uma enfermidade crônica, 'a recomendação é o uso repetido e em intervalos de tempo mais curtos', explica Flávio Dantas. Aí, pode ser necessário tomar as bolinhas a cada uma hora. Mas, conforme o paciente vai apresentando melhora no quadro clínico, os remédios passam a ser ingeridos em intervalos maiores, podendo chegar ao típico de oito em oito horas ou até uma vez por dia.

De um modo geral, porém, os tratamentos homeopáticos exigem uma boa dose de dedicação. Tanto que há quem desista no meio do caminho. Desde pequena (por decisão da mãe, é claro), a jornalista Karina Granella Caradec, de 28 anos, procurou curar seus males com homeopatia. Mas, quando já adulta a responsabilidade de lembrar o instante exato de tomar os medicamentos passou para a moça, tudo se complicou. 'Sou muito desorganizada e indisciplinada para conseguir lembrar, principalmente se tiver que tomar em intervalos curtos', conta. Depois que suas duas filhas nasceram, Karina ainda tentou mais uma vez se reconverter à cura pelas bolinhas, pois sua mãe não se cansava de repetir que aquele tipo de tratamento era 'melhor para as meninas'. 'Não adiantou. Eu acabava esquecendo de dar os remédios e as minhas filhas acabavam piorando.' Karina decidiu, então, ficar só com a alopatia, tanto para tratar a si mesma como das filhas. 'Acho que o efeito dos remédios convencionais é mais rápido e, como em geral não é necessário tomar várias doses por dia, as chances de eu esquecer de tomar ou de dar às meninas são menores', observa.

Bom senso: 'Se perceber que não está dando resultado, é preciso adotar medidas alopáticas'

Os remédios homeopáticos são menos agressivos para o organismo do que os alopáticos.
Verdade Sua formulação é bastante diluída. Aliás, foi exatamente por usar concentrações menos agressivas que a empresária Cibele de Freitas Mello, de 31 anos, se decidiu pela homeopatia para tratar seus filhos. 'Queria algo com menos efeitos colaterais e que apresentasse resultados positivos', conta Cibele. Depois de conversar com sua médica e esclarecer todas as suas dúvidas, Cibele adotou as bolinhas brancas para si e para as crianças. 'Se tenho algum problema de saúde ou até emocional, recorro à homeopatia', diz Cibele, que garante quase sempre obter bons resultados. Mas a empresária ressalta que bom senso nunca deve faltar: 'Se perceber que o tratamento não está funcionando, é preciso recorrer logo à alopatia e fazer o que for necessário'. Outro detalhe importantíssimo: ser 'menos agressivo' não significa que as bolinhas não causem efeito colateral algum. Como os remédios alopáticos - os convencionais -, elas podem provocar efeitos negativos - e não devem ser tomadas sem receita médica e na quantidade que o paciente, por conta própria, considerar certa. Vale a regrinha de sempre: antes de tomar qualquer remédio, deve-se consultar um especialista.

Remédio homeopático é bolinha de açúcar e, por isso, nunca funciona.
MITO As pílulas contêm substâncias ativas - em doses diluídas. Agora, se está cientificamente provado que funcionam, é assunto que gera controvérsias longas. Segundo o médico Renato Sabbatini, da Unicamp, existem pesquisas mostrando que as bolinhas homeopáticas não são muito diferentes dos placebos - pílulas que têm a aparência de um remédio de verdade, mas não sua substância ativa. Nas pesquisas para medir a eficiência de medicamentos novos, o remédio real e o placebo são ministrados em voluntários que desconhecem qual dos dois estão recebendo. Depois, mede-se os efeitos que tanto quem tomou o placebo como quem ingeriu o medicamento diz ter sentido e compara-se. 'Certas pessoas têm tanta fé na homeopatia que atribuem à ela a cura. Na realidade, a doença foi debelada por outro motivo', diz Sabbatini. Flávio Dantas rebate: 'Há estudos que comprovam que, mesmo com toda diluição, remédios homeopáticos curam doenças, sim'.

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fotos: Carlos Gueller