Neste Artigo:
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Descobertas em Medicina -
O genoma humano -
Atenuando o mal de Alzheimer -
A luta contra o tabagismo -
Brasil na luta contra a malária -
Brasil e França – a vacina contra a AIDS -
Vacina contra a AIDS em macacos -
O Diabetes -
Progressos na luta contra o câncer -
A enzima causadora da leucemia -
O vírus Ebola -
Médicos – a necessidade de atualização -
A Medicina na era da Internet -
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Este século
se fecha com muitos méritos para a Medicina, se considerarmos o
volume de pesquisas que foram feitas e as descobertas e publicações
que aconteceram. São fatos que contribuem para o aprimoramento da
cura, objetivo final da Medicina, desde que cheguem às mãos dos
médicos e possam ser viabilizadas por eles. Em um esforço conjunto,
governos e ciência podem transformar a qualidade de vida e a saúde
em uma realidade cada vez mais palpável. É preciso, para isto, a
constante reciclagem médica e a disponibilização de recursos para
que a humanidade como um todo venha a se beneficiar das
descobertas.
Descobertas em
Medicina
"Nunca se pesquisou tanto, nunca aconteceram
tantas descobertas novas, em tão pouco tempo, na história da
medicina. E podemos ter a certeza absoluta de que esse ritmo
alucinante continuará aumentando e aumentando nos próximos anos e
décadas", diz Renato Sabbatini, da Unicamp. Mesmo assim, lembra ele,
cerca de 50% dessas informações estará obsoleta em três ou quatro
anos depois que o médico se forma.
Por outro lado,
surgem novos desafios da saúde no continente
americano, apesar das conquistas na área de saúde como a
erradicação da pólio em 1991. Na América Latina há doenças como a
malária, dengue, doenças parasíticas, câncer, obesidade, hipertensão
e uso de drogas, que Rúben Barrera entende serem desafios que
dependem muito mais de vontade política do que da ciência para serem
solucionados.
Deve-se então combinar as novas
descobertas com uma forma eficiente de fazer chegar essas
descobertas nas mãos dos médicos, pois senão elas funcionarão como
funcionam remédios na prateleira – não fazem efeito.
Abaixo
estão algumas das muitas descobertas, ou algumas novas técnicas
implantadas na área médica, anunciadas no ano 2000, sendo a mais
curiosa e interessante de todas o mapeamento do genoma
humano.
O genoma
humano
O cientista e empresário Craig Venter, sócio
da Celera Genomics Corporation, informou, em abril de 2000, que a
sua empresa já concluiu o sequenciamento bruto do genoma de uma
única pessoa. Em julho de 2000, os pesquisadores do Projeto Genoma
Humano haviam seqüenciado a quase totalidade do genoma humano,
conforme anúncio feito na Casa Branca, pelo então presidente Bill
Clinton. Na solenidade estavam presentes os pesquisadores do HUGO e
o presidente da Celera. A imprensa mundial saudou o anúncio com
grande empolgação, em meio ao entendimento do que estava sendo
divulgado. O volume de interpretações corresponde ao de um texto de
800 volumes semelhantes ao de uma Bíblia, só que não se sabe em que
idioma está escrito.
Atenuando o mal de
Alzheimer
Cientistas chilenos descobrem que é
possível retardar manifestação do mal de Alzheimer por um período de
até quatro anos, estudando o Projeto Milênio. Os profissionais,
liderados pelo médico Nibaldo Inostroza, da PUC do Chile, realizaram
avanços para saber mais sobre esta doença que afeta milhares de
pessoas no mundo.
A
luta contra o tabagismo
No Brasil, onde o
levantamento do IBGE de 1989 apontou um contingente de 30,6 milhões
de fumantes, cerca de 80 mil morrem anualmente por doenças
provocadas pelo tabagismo, entre elas diversos tipos de câncer. O
risco de morte por câncer de pulmão é 22 vezes maior entre os
fumantes do que entre não fumantes e, apesar dos avanços
terapêuticos, apenas 13% dos pacientes que forem acometidos por esse
tipo de câncer estarão vivos cinco anos após o
diagnóstico.
"Estamos preocupados com a situação do
tabagismo, porque já que nos países desenvolvidos existe um esforço
para educar e censurar a propaganda, as indústrias de cigarro estão
investindo nos países em via de desenvolvimento", disse Irene
Klinger, diretora de Relações Exteriores da OPS.
Brasil na luta contra a
malária
Brasil pretende reduzir em 50% os casos de
malária, através da Funasa - Fundação Nacional de Saúde. As medidas
incluem a descentralização do programa de controle da malária,
passando aos Estados e municípios o controle efetivo do controle da
endemia, quando serão repassados R$ 145 milhões para reduzir, até o
próximo ano, 50% dos casos de malária no Brasil. A malária está
concentrada na Amazônia Legal, onde foram registrados 99,7% dos
casos notificados no Brasil. Nove estados e 254 municípios terão
intensificado as ações integradas de controle da
doença.
Brasil e França – a
vacina contra a AIDS
O Ministério da Saúde
participa de pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina contra a
Aids juntamente com o governo da França. O acordo foi feito na 13ª
Conferência Internacional de Aids, na África do Sul e prevê, além
das pesquisas para desenvolver a vacina, estudos sobre o impacto
econômico e social da Aids no Brasil e testes de novos medicamentos
desenvolvidos na França, com a inclusão de voluntários brasileiros.
Pelo acordo, a França financia a vinda de técnicos franceses ao
Brasil para avaliar os custos e benefícios do Programa Nacional de
Aids, o impacto sócio-econômico da distribuição gratuita dos
medicamentos anti-retrovirais e os anos de vida, trabalho e
produtividade ganhos pelos portadores do HIV, com o acesso universal
às drogas.
Vacina contra a AIDS em
macacos
Uma vacina à base de DNA, combinada a
uma proteína imune extra, parece controlar um vírus da AIDS
altamente patogênico e prevenir o desenvolvimento da doença em
macacos, segundo cientistas na revista Science. Esta
"vacina-plus" não impediu que os macacos se infectassem com o vírus,
mas o tratamento fortaleceu a resposta imune destes animais,
tornando indetectáveis os níveis do vírus. Além disso, os macacos
não apresentaram qualquer sinal da doença ou morte como conseqüência
da infecção. Os resultados do estudo sugerem que "uma resposta imune
potente promovida pela vacina pode ser capaz de mudar dramaticamente
os resultados clínicos da infecção pelo vírus da AIDS", diz Dan H.
Barouch, do Centro Médico Beth Israel Deaconess e da Escola Médica
de Harvard, em Boston.
O
Diabetes
No Dia Mundial do Diabetes, o governo
brasileiro divulga suas metas para a doença. Cinco milhões de
brasileiros – quase 8% da população entre 30 e 69 anos - têm
diabetes e a previsão é de que, em 2010, os diabéticos somarão 11
milhões. O Ministério da Saúde pretende reestruturar e ampliar o
atendimento aos portadores da doença na rede do Sistema Único de
Saúde (SUS), para melhor diagnóstico e para que o paciente seja
atendido mais próximo de sua casa. A medida, que inclui o Programa
Saúde da Família, visa controlar o número de casos da doença e
reduzir as taxas de mortalidade. O Ministério da Saúde realizará
fotocoagulações a laser, procedimento utilizado para tratar a
retinopatia, ou olho diabético, a principal causa de cegueira não
curável na população adulta. O governo federal espera, assim,
reduzir em mais de 80% os casos de riscos de cegueira em
diabéticos.
Progressos na luta contra
o câncer
Notáveis progressos se verificaram na luta
contra o câncer nos Estados Unidos, com redução no número de óbitos,
explicado pela diminuição do número de fumantes, a prevenção e os
diagnósticos precoces, segundo o pesquisador Richard Klausner,
diretor do National Cancer Institute. Os pesquisadores
afirmam que a taxa de incidência de câncer nos homens foi a que
sofreu a maior redução. Os pulmões, a próstata, os seios, o cólon e
o reto são as partes do corpo mais atingidas e correspondem a mais
da metade dos casos de morte. Os tipos de cânceres mais comuns são
os de cólon e os retais, que em 96% dos casos sobrevivem devido ao
diagnóstico precoce.
A enzima causadora da
leucemia
Foi descoberta a forma pela qual os
medicamentos bloqueiam a enzima que desencadeia a leucemia.
Pesquisando como um novo medicamento de combater ao câncer inibe uma
proteína que causa a leucemia mielogenosa crônica (CML, em inglês),
cientistas encontraram evidências de que alterações na forma desta
proteína podem ser exploradas e desativadas de forma precisa. Se for
provado tal controle sobre a atividade destas proteínas (as
quinases), companhias farmacêuticas e pesquisadores terão como
manipular as rotas de sinalização controladoras do crescimento
celular e de outras funções.
Descoberta a vacina
para o vírus Ebola
A medicina avança na luta contra o
Ébola. Uma equipe do Instituto Nacional da Saúde dos Estados Unidos
descobriu uma vacina contra o vírus. Testada com êxito em macacos, o
passo seguinte é o teste em seres humanos. A descoberta deve
diminuir o número de mortes que vêm acontecendo desde que o Ébola
foi descoberto, em 1976.
Médicos – a
necessidade de atualização
Sabbatini lembra que 80%
de todos os cientistas médicos que já existiram no mundo ainda estão
vivos e que o volume de informações médicas publicadas em papel está
duplicando a cada quatro anos e meio. A solução para o dilema de não
se tornar o ensino médico obsoleto é que os médicos se atualizem
sistematicamente, através das tecnologias de
informação.
Por isso, diz ele, a Associação
Americana de Escolas de Medicina (AAMC) recomendou que as faculdades
de Medicina deveriam assumir a vanguarda no uso de tecnologias de
informação em todo o curso médico, e treinar professores e alunos em
computadores, para melhorar o acesso à informação
eletrônica.
A
Medicina na era da Internet
As aplicações da Internet
ainda não encontraram total espaço no currículo médico, entre outros
motivos, por sua extrema novidade, afirma Sabbatini. Ele acrescenta
que o ensino médico precisa passar por um grande "choque cultural",
nas dimensões do que se deu com a invenção da imprensa por
Gutenberg, há mais de 500 anos.
Na análise do diretor da AMB
(Associação Médica Brasileira), "os professores médicos estarão
enfrentando um grave caso de degradação de autoridade perante seus
alunos no futuro, caso não promovam uma atualização de suas
tecnologias didáticas - ainda presas ao quadro negro, giz e projetor
de slides. "Nos Estados Unidos, faculdades como a de Harvard e a de
Stanford já têm parte de seu currículo em forma eletrônica, afirma
ele, e os alunos de primeiro ano são obrigados a ter um computador e
acesso à Internet. Algumas universidades privadas brasileiras, como
a ULBRA (Universidade Luterana do Brasil, Canoas, Rio Grande do Sul)
já tomam a iniciativa de financiar notebooks para seus alunos, para
que eles os paguem ao longo de todo o curso.
Com a Internet
II, que começa a funcionar este ano nos EUA, interligando as
principais universidades com conexões de altíssima velocidade, será
possível transmitir volumes gigantescos de informação. Isso colocará
o médico em contato com as descobertas na Medicina com mais rapidez,
o que justificará então o volume de dinheiro investido nas pesquisas
de saúde em todo o mundo.
Fontes: Renato M.E. Sabbatini,
diretor da AMB, editor científico das revistas Informática Médica e
Intermedic.
Copyright © 2000 eHealth Latin
America
11 de Dezembro de 2000
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